domingo, 24 de outubro de 2010

Jesus chorou



JOÃO 11:35 - Jesus chorou.


Nenhuma “pessoa”, nenhum personagem em toda a história da humanidade nos incita a tantos estudos e especulações como a “pessoa” de Jesus, O Cristo.
Não somente desde o seu surgimento enquanto homem, sua infância e adolescência, sua maturidade e emprego, além do ministério por parte do Pai.
O que há de tão enigmático e controverso nessa pessoa? Creio que muito já se foi dito, escrito, debatido sobre este tema. E como diz o Evangelho de João “ E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem” João 21:25.
Esse personagem que para muitos pode ser enigmático, surreal, intocável, inaceitável, ou quem sabe gente boa, um hippie no ano 30 da era cristã, um espírito evoluído é para nós o filho de Deus, um com Deus, o Cordeiro, o Leão, o Pão vivo que desceu do céu.
Esse Deus simplesmente se fez carne. O verbo se fez carne e nós afirmamos que Jesus é Deus, Criador do céu e da Terra, chama as estrelas pelo seu nome, sabe o que está do outro lado do buraco negro, conta com seus palmos a distância de uma borda do universo à outra. Operava milagres, e isso não era magia ou alquimia e sim, o próprio Deus operando.

Esse papo de que Jesus usou mais de 30% de sua capacidade mental, enquanto o homem normal usa no máximo 8% é engraçado. Não quero saber quantos por centos Jesus usou de sua capacidade cerebral, eu só sei que Ele usou-se de si mesmo, de seu Espírito Santo. Quisera eu poder usar 8% do Espírito Santo de Deus!
Desse homem que ao mesmo tempo em que é Cordeiro Ele é Leão, ao mesmo tempo que Ele é O Príncipe da Paz também é O Senhor da Guerra. O Alfa e o Ômega. Quem manifesta o Seu amor por nós na dor das chibatadas e cravado numa cruz.
Alguns esquecem que Jesus era normal, tinha dois pés, dois braços, não tinha antena e não era verde. JJ Benitez escreveu em um livro que Jesus era “extraterreno”, no intuito de afirmar que O Senhor não era deste planeta, ou melhor, do espaço chamado céu, paraíso. Além disso, não possuía as características outrora que possuía (possui) na glória, tais como onipotência, onisciência e onipresença. Apenas a presciência fazia parte de seu dia a dia.

Como pode? O criador do universo, onisciente, agora deitado numa manjedoura sem saber o que estava acontecendo ao seu redor?
Aquele que disse “haja” e abundou o mundo com mantimentos para o homem se manter e sobreviver, agora estava chorando pedindo o seio da mãe para amamentar?

Aquele que disse a Josué “Eu sou o Comandante do Exército de Deus” agora precisava da segurança de seu pai José.

Aquele que caminhou no calor da fornalha com Sadraque, Mesaque e Abednego agora precisava do calor dos braços de Maria e um pano grosso para se cobrir.

Quem nos sustenta com a Sua destra, simplesmente precisava de um colo.

Por que Deus se fez frágil neste mundo?
Simples como nós?

Porque Ele simplesmente quis habitar no meio de pessoas frágeis e simples como nós e poder ter a experiência de sofrer como nós, padecer como nós, ter fome e frio como nós... para que nunca possamos questionar que Deus não sabe – ou não conhece – nossos sofrimentos e experiências.


Sim, Jesus cresceu e Ele negou-se a tratar de quase tudo o que a filosofia e a teologia tratam com tanto afinco.

As desigualdades sociais foram todas reconhecidas, mas não se o vê armando qualquer ação popular contra elas.
Seus protestos eram todos ligados à perversão do coração, mas nunca se tornavam projeto político, ou passeatas, ou bandeiras.

Sobre a morte sua resposta foi a paz e a vida eterna. Jesus tira o poder da morte de matar.

Jamais tentou justificar o Pai de nada. Apenas disse que Ele é bom e justo.

A morte para Ele não era mesma coisa que é para nós. Morrer não era mal. Viver mal é que era mau.

Jesus Pregava a Palavra, e não tentava controlá-la.

Cita as Escrituras sem nenhuma preocupação com autores, contextos ou momentos históricos, assim como sua veracidade.

Esse era – E É – Jesus. Um homem que chora como nós choramos.

Jesus se compadeceu com a morte de seu amigo e a dor de sua família. Mas não é sobre a humanidade de Cristo que me atenho nesta interpretação, até mesmo porque seria profundo e um tanto antagônico falar de Jesus cem por cento homem e cem por cento Deus.
Eu quero aqui falar do testemunho silencioso de Lázaro.
Sim, silencioso. A bíblia não confirma nada que Lázaro poderia ter dito.
Aquele amigo de Jesus não tem nada, nenhum diálogo transcrito nas Escrituras.
Então por que esse homem me desperta tanto interesse em seu testemunho?
Não somente por ser amigo de Jesus, mas sim porque Jesus o amava tanto que, devido a sua morte, Jesus pranteou.
Em JOÃO 15:15 – “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.” Jesus nos deixa claro que devemos nos aproximar dEle e ser recíprocos em sua fidelidade e amizade para conosco.
Mas que amigo é esse que, com sua morte, fez até Jesus chorar? Como Lázaro era importante para o Nazareno.
Primeiro quero deixar uma coisa bem clara: Não estou confirmando que Jesus amava mais a Lázaro que eu e você. Na verdade ele nos ama de forma igual. No entanto, será que eu e você correspondemos a esse amor da mesma forma e intensidade que Lázaro?

No mundo temos, pelo menos, dois exemplos de amizades e parcerias que deram muito certo: Toquinho e Vinícius na MPB e John Lennon e Paul McCartney nos Beatles.
Tudo bem que Toquinho é considerado um dos maiores violonistas brasileiros e a sua obra é bem diferenciada dos demais artistas no cenário da MPB, mas será que Toquinho seria tão bem aceito hoje em dia se nunca estivesse ao lado de Vinícius de Morais e a sua carreira estar tão diretamente ligada ao grande “poetinha” – como Vinícius é conhecido?
Quanto aos Beatles Lennon e McCartney não posso menosprezar A ou B, pois tanto um como o outro são igualmente respeitados e “adorados” e geniais, mas não é verdade que o seu baterista, Ringo Starr, só é o que acham que é por acompanhá-los em suas brilhantes carreiras? Ringo não era melhor que muitos bateristas de outras bandas daquela época, mas somente pelo fato de ser parte integrante da maior banda de todos os tempos e ser amigo de John, Paul e George Harrison, o tornou um dos maiores bateristas que conhecemos.

Na bíblia nós temos vários exemplos de boas amizades:
Gn.14:14-16 – Abrão e Ló;
Rt. 1:16-17 – Ruth e Noemi;
I Sm.18:1-4 – Davi e Jônatas;
Dn. 2:49 – Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.


Pois bem, seria insensato o fato de não aceitarmos pessoas que são amigos de nossos amigos. Ou seja, se há alguém que eu estimo, e esta pessoa é de bom caráter, índole e boa referência em suas atitudes, logicamente – e por solidariedade – alguém que ande do lado desta pessoa eu posso esperar o mesmo.
Em Amós 3:03 “Acaso andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” nós vimos como é importante observar as pessoas que acompanhamos e as que nos acompanham.

Se eu sei que meu vizinho é amigo de alguém que admiro, seja artista, músico, escritor, pastor, enfim... alguém de certa posição intelectual e bom caráter, imagino eu que meu vizinho seja também alguém que corresponde aos preceitos e predicados desta personalidade que admiro.
Se eu sei que o presidente Lula (apenas hipoteticamente) chorou a morte do meu vizinho, por conseqüência disso imagino como o meu vizinho devia ser querido pelo presidente da república.
Imaginem o próprio Jesus chorando a morte de alguém?
Imaginem a personalidade, a índole e moral que Lázaro deveria ter?
Que conceito este homem, que agora para mim soa como “brilhante”, Jesus devia ter dele?
Vejam o testemunho de vida deste amigo de Jesus mesmo sendo “calado” nas escrituras.

Sinceramente, se houvesse a possibilidade de escreverem uma versão Século XXI das Escrituras, e se nela estivesse a cena de Jesus chorando a minha morte... Aleluia! Eu nem iria querer nenhum diálogo meu escrito.
E nós? Será que estamos correspondendo a amizade de Jesus a ponto dEle chorar por nós?
Até que ponto estamos sendo amigos de Jesus Cristo? Afinal, amizade é uma relação de reciprocidade.

Mesmo que eu não deixe nada meu escrito ou gravado, mesmo que todos os meus pensamentos não saiam do vento e minhas palavras nunca cheguem a ser escritas... Nada disso me importa! Eu quero ser conhecido como “Amigo de Jesus Cristo”!

Alexandre Monsores
25 de outubro de 2010.




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