segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O PESADELO DE ADÃO




Gen. 03:18
Ela te produzirá espinhos e abrolhos;

e comerás das ervas do campo.


Olhei para as minhas mãos e vi sangue.
Alguns calos estourados.
Viver e comer do que eu plantava e cultivava me fez envelhecer mais rápido.
Eu estava cansado e febril, psicologicamente exausto devido ao que aconteceu com meus filhos; e resolvi dormir mais cedo. Não desejei Eva por mais perfumada com flores do campo e ervas ela estivesse. Estava com frio na alma e calor no corpo.
Já haviam passado muitas luas desde que O Criador me tirou do Jardim Encantado e Perfeito. As suas “penas” e resoluções estão sobre mim e eu não O culpo. Claro que não!
Enquanto Ele me falava as penas, uma delas não levei tão a sério.
O Senhor amaldiçoou a terra, e isso é coisa séria!
Sofrerei com o suor do meu trabalho, para o meu sustento, e isso até eu entendi bem.
Mas que produziríamos “ESPINHOS”... Que coisa é essa?
Espinhos! Isso pra mim não tinha nada a ver e a menor importância!
Eu ri por dentro... Hum... Espinhos!
Mas eu não transpareci minha ironia e acho que Deus não percebeu.
Dormi...
Dormi logo assim que deitei em minha cama de madeira e palhas, forrada com couro de camelo e lã de ovelhas. Mas por mais confortável que ela estivesse, meu sono foi tenso e intranquilo.
Na verdade eu tive um terrível pesadelo.
Eu vi um rosto.
E nesse rosto uma barba rala e aranhões.
Hematomas... muito hematomas e sangue!
O olho esquerdo roxo... suor e urina misturados.
Eu senti cheiro num sonho? Isso é possível?
Cravo nas mãos...
Risos. Muitos risos.
Alguns choram.
Sua respiração ofegante, algumas palavras aos céus proferidas...
Pai! O que é aquilo em sua testa?
Uma coroa? Uma coroa de espinhos!

Deus me mostrava a minha pior criação (ou consequência) e para o que ela serviria.
A pior utilidade dos espinhos, para minha culpa, foi para humilhar e ferir profundamente aquele homem.
E eu reconheci aquele rosto, aquele crucificado. Ele estava no meu “berçário” olhando para mim, no meu primeiro dia.
Assim que um nome gritou nos meus ouvidos: “Jesus!”. Eu acordei!
Já era manhã.
Eva preocupada, já ia me acordar.
_ O que houve?
_ Nada! Apenas um terrível pesadelo. Não entendi, mas não sei porque, em meu peito a dor da culpa dói ainda mais. _ Eva enxuga o seu suor. _ Vá, prepare o meu desjejum.

Alexandre Monsores
Set/2012