Gen.
03:18
Ela te produzirá espinhos e abrolhos;
e comerás das ervas do campo.
Olhei para as
minhas mãos e vi sangue.
Alguns calos
estourados.
Viver e comer
do que eu plantava e cultivava me fez envelhecer mais rápido.
Eu estava
cansado e febril, psicologicamente exausto devido ao que aconteceu com meus
filhos; e resolvi dormir mais cedo. Não desejei Eva por mais perfumada com
flores do campo e ervas ela estivesse. Estava com frio na alma e calor no
corpo.
Já haviam
passado muitas luas desde que O Criador me tirou do Jardim Encantado e
Perfeito. As suas “penas” e resoluções estão sobre mim e eu não O culpo. Claro
que não!
Enquanto Ele
me falava as penas, uma delas não levei tão a sério.
O Senhor amaldiçoou
a terra, e isso é coisa séria!
Sofrerei com
o suor do meu trabalho, para o meu sustento, e isso até eu entendi bem.
Mas que
produziríamos “ESPINHOS”... Que coisa é essa?
Espinhos!
Isso pra mim não tinha nada a ver e a menor importância!
Eu ri por
dentro... Hum... Espinhos!
Mas eu não
transpareci minha ironia e acho que Deus não percebeu.
Dormi...
Dormi logo
assim que deitei em minha cama de madeira e palhas, forrada com couro de camelo
e lã de ovelhas. Mas por mais confortável que ela estivesse, meu sono foi tenso
e intranquilo.
Na verdade eu
tive um terrível pesadelo.
Eu vi um
rosto.
E nesse rosto
uma barba rala e aranhões.
Hematomas...
muito hematomas e sangue!
O olho
esquerdo roxo... suor e urina misturados.
Eu senti
cheiro num sonho? Isso é possível?
Cravo nas
mãos...
Risos. Muitos
risos.
Alguns
choram.
Sua
respiração ofegante, algumas palavras aos céus proferidas...
Pai! O que é
aquilo em sua testa?
Uma coroa?
Uma coroa de espinhos!
Deus me
mostrava a minha pior criação (ou consequência) e para o que ela serviria.
A pior
utilidade dos espinhos, para minha culpa, foi para humilhar e ferir
profundamente aquele homem.
E eu
reconheci aquele rosto, aquele crucificado. Ele estava no meu “berçário”
olhando para mim, no meu primeiro dia.
Assim que um
nome gritou nos meus ouvidos: “Jesus!”. Eu acordei!
Já era manhã.
Eva
preocupada, já ia me acordar.
_ O que
houve?
_ Nada!
Apenas um terrível pesadelo. Não entendi, mas não sei porque, em meu peito a
dor da culpa dói ainda mais. _ Eva enxuga o seu suor. _ Vá, prepare o meu
desjejum.
Alexandre Monsores
Set/2012